O Exílio Midiático está licenciado pelo Creative Commons

Todos os posts disponíveis neste espaço podem ser reproduzidos em outros blogs e sites, sendo necessário citar apenas o autor dos textos (Eduardo Silveira de Menezes) e a fonte (Exílio Midiático). Por outro lado, não é permitido o uso comercial das obras aqui expostas. Mais detalhes ao final da página, clicando no link disponível.

domingo, 8 de fevereiro de 2009

Resenha do livro: Parte 3

*Esta é a penúltima parte da resenha que destaca o livro:"Do reformismo à luta armada: A trajetória política de Mário Alves (1923-1970)" . O livro é de autoria de Gustavo Fálcon, já a resenha, que está sendo apresentada no blog ,dividida em quatro partes, foi escrita pelo jornalista José Falcón Lopes.

EMBATES INTERNOS

Em 1956, durante o XX Congresso do PCUS, o camarada Kruchev escancarou para todo o mundo os crimes cometidos por Stálin e o PCB se viu obrigado a abandonar o isolamento. Mesmo ilegais, suas atividades contavam com as vistas grossas do presidente Juscelino Kubitschek.

Para o autor, apesar da debandada de inteligências brilhantes da geração de Mário Alves – entre os quais João Batista de Lima e Silva, Osvaldo Peralva e Antonio Paim – e da expulsão de quadros históricos como Agildo Barata, a desestalinização abriu campo não só para uma nova geração de dirigentes, mas para uma ruptura com as interpretações mecanicistas da realidade brasileira.

A nova linha seguida pela Comissão Executiva, exposta na “Declaração sobre a política do PCB”, publicada em março de 1958, teve Mário Alves como principal redator. O documento, aprovado pelo V Congresso do PCB (1960), entendia que as conquistas essenciais do proletariado russo precisavam ser preservadas e a luta de classes, no plano internacional, exigia a defesa da URSS e da revolução bolchevique.

No plano nacional, em lugar do enfrentamento com o regime, o documento defendia a acumulação de forças para a luta democrática. Os comunistas passam a reconhecer o papel democrático de alguns setores das elites e de segmentos sociais e defendem a aliança com alguns partidos e forças progressistas. Em síntese, chegavam à década de 1960 pleiteando legalidade constitucional para atuar legítima e autonomamente nos embates eleitorais e no seio do movimento operário.

Nos embates internos, quadros experientes e históricos como João Amazonas, Maurício Grabois, Diógenes Arruda e Sérgio Holmos foram destituídos da comissão executiva e do secretariado do Comitê Central. Dessa dissidência é que surgirá, em 1962, o PCdoB.

Nesse período, com pouco mais de 30 anos, Mário Alves atingiu o auge de sua condição de militante comunista e o coração político do partido. Tornou-se membro do Comitê Central (30 dirigentes) e da Comissão Executiva (nove dirigentes), além de diretor do principal jornal do PCB, o semanário comunista Novos Rumos.

Mário integrava ainda a Secretaria Nacional de Educação Política, o Conselho da Editorial Vitória e representava oficialmente o PCB em solenidades nacionais e internacionais, passando a ser o terceiro homem na hierarquia do partido, atrás apenas de Giocondo Dias e Luís Carlos Prestes.

Porta-voz da nova orientação do partido, seus textos - que ainda merecem tratamento e organização adequados -, faziam sucesso dentro e fora da militância tanto pela consistência dos argumentos, como pelo estilo sarcástico, demolidor, impiedoso com o adversário ou personagem eleito para o comentário.

POPULISMOS E DITADURA

Além da desestalinização dos PCs por todo o mundo, o final dos anos 1950 trouxe como novidade no cenário internacional o sucesso da Revolução Cubana. Internamente, era o governo desenvolvimentista de JK que fazia o milagre dos “50 anos em cinco”.

Nas eleições presidenciais de 1960, os comunistas apóiam o general Lott, candidato de JK, derrotado pelo populista Jânio Quadros. Conforme permitia a legislação eleitoral da época, o populista de esquerda João Goulart (Jango), parceiro de chapa de Lott, foi reeleito vice-presidente (já o havia sido no Governo JK).

Meses depois, o povo brasileiro assistia embasbacado à renúncia de Jânio Quadros e ao conflito institucional provocado pela posse de Jango que, na opinião do autor, oscilou pendularmente entre seus aliados até que se viu refém dos golpistas. Fez um atribulado percurso até realizar o que Jânio não conseguiu.

Gustavo ancora sua interpretação do Golpe Militar em Severo Salles, para quem o populismo havia chegado a uma disjuntiva extrema: ou substituíam por outro regime, provavelmente autoritário e situado na via de modernização conservadora, ou rompiam as modalidades de conciliação e de representação inorgânica que praticava, buscando alterar aspectos importantes da estrutura da sociedade brasileira, estendendo a democracia a limites mais amplos, inclusive a suas projeções econômicas e sociais.

*Mais informações sobre o livro:

Livro de Gustavo Fálcon mantém viva a luta e a trajetória política de Mário Alves

Leia a "orelha" do livro de Gustavo Falcón

Resenha do livro: Parte 1

Resenha do livro: Parte 2

Nenhum comentário:

As mais lidas durante a passagem pelo Exílio

Faça sua pesquisa no blog

Licença Creative Commons
A obra Exílio Midiático de Eduardo Silveira de Menezes foi licenciada com uma Licença Creative Commons - Atribuição - Uso Não Comercial - Partilha nos Mesmos Termos 3.0 Não Adaptada. Com base na obra disponível em exiliomidiatico.blogspot.com.. Podem estar disponíveis permissões adicionais ao âmbito desta licença em http://creativecommons.org/licenses/by-nc-sa/2.5/br/.