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quinta-feira, 5 de fevereiro de 2009

Resenha do livro: Parte 2

*Segue abaixo a continuação da Resenha do livro: "Do reformismo à luta armada: A trajetória política de Mário Alves (1923-1970)" escrita pelo jornalista José Falcón Lopes:

COMUNISMO

Na Salvador dos anos 1930-1940, dá-se o encontro do jovem Mário com o comunismo. Em 1939, aos 16 anos, ele entra para o PCB e logo se destaca como liderança estudantil na luta anti-fascista. Chega, inclusive, a ser presidente da Associação Brasileira de Estudantes Secundaristas (ABES), tendo com vice o jovem Milton Santos. Logo viriam também os reconhecimentos pela capacidade de formulação política, sagacidade intelectual e atividade jornalística em O Momento, órgão da imprensa popular do PCB na Bahia.

INTELECTUAIS ORGÂNICOS

Mário Alves, Antonio Paim, Moisés Vinhas, Almir Matos, Aydano do Couto Ferraz, Ariston Andrade, Rui Facó, Oswaldo Peralva, Jacob Gorender e João Batista Lima e Silva, dentre outros nomes, formaram uma importante geração de comunistas baianos dedicados ao jornalismo partidário.

Utilizando uma expressão cara ao comunista italiano Antonio Gramsci, uma geração de “intelectuais orgânicos” comprometidos com a emergência de uma classe social capaz de construir uma nova ordem econômica, política e social, a classe operária.

Nessa linha, o autor cita o importante levantamento feito por Sônia Serra para sua dissertação de mestrado em Ciências Sociais - “O Momento: história de um jornal militante”, UFBA, 1987 -, segundo o qual, durante o lampejo de vida institucional que viveu de 1945 a 1947, o PCB organizou o jornal A Classe Operária (órgão central do partido), uma dezena de revistas teóricas, oito jornais diários, dezenas de editoras, tipografias e livrarias. Um aparato de comunicação de fazer inveja aos partidos políticos da esquerda brasileira contemporânea.

Mais do que isso. O PCB contava com quadros experimentados nas lutas sociais e embates políticos. Gozava de credibilidade junto aos movimentos de trabalhadores e grupos de intelectuais. Transformava-se assim num verdadeiro partido de massas e, com mais de 200 mil militantes, o maior de todos os PCs da América Latina.

FAMÍLIA E CLANDESTINIDADE

Em 1946, então com 23 anos, Mário Alves casou-se com Dilma Teixeira Borges, militante comunista do Rio de Janeiro que conheceu durante um curso de formação promovido pelo partido.

Um ano depois, acabava a ilusão democrática: o PCB era novamente posto na ilegalidade acusado de atuar como seção do Partido Comunista da União Soviética (PCUS).

Perseguido pelo aparelho repressivo do Estado, o PCB assumiu uma postura esquerdista, conspiratória e sectária sintetizada no Manifesto de Agosto de 1950, assinado por seu secretário-geral, Luís Carlos Prestes.

Militante profissional, Mário foi transferido pelo partido para São Paulo e passou a secretariar um alto dirigente. Durante a clandestinidade, nasceu a única filha do casal, Lúcia Borges Vieira que, em depoimento ao autor, disse recordar de ter morado em mais de 40 casas diferentes nesse período.

A segurança de seus líderes e a formação de “escolas” em sistemas de internato passou a consumir grande parte da energia do PCB, que ainda organizava embaixadas especiais à URSS, enviando seus mais destacados militantes para se aperfeiçoarem na doutrina marxista-leninista.

Em 1953, numa dessas viagens à União Soviética, embarcou Mário Alves, que só retornou ao Brasil em 1955. Durante sua ausência, as dificuldades em garantir segurança à vida de Lúcia fizeram com que Dilma a enviasse para a casa dos avós paternos na Bahia.

José Falcón Lopes

*continua...

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