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quarta-feira, 16 de setembro de 2009

O texto: expressão da realidade?

Desde Aristóteles, quando se inferiu à literatura um caráter mimético, a arte de escrever já ocupava um lugar de destaque nas rodas de conversação da antiga Grécia. Esse ofício, ainda repercute, com maior ou menor intensidade, na sociedade contemporânea. Depende do grau de interesse de cada um.

Com o passar do tempo, surgiram estudos de importantes pensadores na área da literatura. É o caso do britânico Terry Eagleton, crítico literário marxista, que definiu a Teoria Literária como uma forma teórica de investigação. Ele procurou trabalhar com o conceito de literatura, partindo do tipo de relação que ela estabelece com a sociedade.

A palavra “novel” (de novo ou inexperiente) foi usada nos séc. XVI e XVII tanto para definir os acontecimentos reais, quanto os fictícios. Os romances e as notícias não eram claramente factuais, a distinção que é feita hoje não se aplicava na época. Dessa discussão, surgiu a ideia de que a literatura, talvez não seja definida pelo seu caráter ficcional ou imaginativo e sim, por aplicar uma linguagem particular.

E por que não observar o jornalismo por esse mesmo ângulo? Quanto existe de ficção nas notícias selecionadas todos os dias por algum chefe de redação e editadas dezenas de vezes antes de chegarem ao público leitor?

Não se pode afirmar que a notícia é o retrato fiel do fato noticiado, ela pode, no máximo, revelar uma ideia geral sobre algo que já aconteceu. Isso, por si só, já nos leva a estabelecer essa relação entre a criação da obra literária e do texto jornalístico, levando em conta todas as variáveis que envolvem a construção textual em ambos os casos.

Tanto no texto jornalístico, quanto no literário, a experiência sobre o assunto, o contexto, os preconceitos do redator/escritor, as imposições da empresa para qual trabalha, a formação de esteriótipos e a mistificação de que ele (redador/escritor) é um ser capaz de levar a verdade, o novo e o inusitado ao restante da população, influem na maneira com a qual será escrita e recebida aquela versão da realidade.

Essa comparação entre o resultado final do que é considerado obra literária ou jornalística, remete a discussões antigas sobre a capacidade do texto, seja ele qual for, absorver as angústias da sociedade e promover a cidadania, levando a todos um retrato, que, se não pode ser exato, pelo menos seja produzido dentro do espectro onde se dá o fato ou se cria a realidade.

O que pretendo questionar com tudo isso é o caráter de verossimilhança que a notícia, enquanto obra literária, adquiriu na sociedade contemporânea. Na maioria das vezes, não há o espaço para a dúvida e o questionamento. Fator esse, que, na minha opinião, é extremamente lesivo à sociedade.

A insistência de muitos veículos de comunicação em afastar a subjetividade das matérias jornalísticas, aliada a falta de sustentação histórica dos fatos, induz o leitor ao erro. Sendo este fantasiado, diariamente, de verdade absoluta e aquele, de intérprete da realidade.

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