A característica principal deste veículo é a busca pelo contraditório; a excelência da crítica, livre de pressões políticas e econômicas. Seja de patrocinadores, patrões, linhas editoriais ou direcionamentos partidários. A reflexão é construída por meio de princípios éticos e, por conseguinte, ideológicos. Utilizam-se como únicos pressupostos o compromisso social e o entendimento de que a problematização dos fatos deve ser exposta da forma mais clara possível. Mesmo considerando a real abundância de espaços similares a este na internet, procura-se, de alguma forma, contribuir para o processo que visa à democratização da comunicação, amparando-se no protagonismo.
Historicamente as práticas sociais se estabelecem imersas na divisão do trabalho. Ao longo dos anos, nobres e plebeus, capitalistas e proletários, intelectuais e trabalhadores encontram-se em constante contradição e distanciamento. Não apenas sob o ponto de vista econômico, mas, também, quanto ao direcionamento das atividades que, supostamente, competem a cada um realizar. É a escravidão do livre pensamento; o enclausuramento de sonhos e potencialidades; a mordaça invisível, das forças dominantes, para calar a voz dos oprimidos. Ditam-se regras e estipulam-se locais de fala. Determina-se, por exemplo, "quem manda" e "quem deve obedecer". São estabelecidas normas de conduta, as quais produzem o convencimento para impossibilitar a ação.
Em meio a essa conjuntura surge, ainda, a diferenciação entre trabalho “intelectual” e “material”. Como se o trabalhador não pudesse, a exemplo do que se procura fazer aqui, desempenhar mais de uma atividade concomitantemente. Prática exercida para além da exigência profissional e da garantia de subsistência. Influenciada tão somente pela ânsia de saciar a vontade de escrever sobre as inquietações do momento e contribuir à reflexão-ação.
O atual receituário da sociedade capitalista refunda preceitos antigos. Não se pode ser músico, escritor, jogador de futebol e trabalhar na indústria. O exercício de muitas atividades, inevitavelmente, prejudica a produção material e, nesse sentido, se opõe à fragmentação e à especialização da mão de obra, próprias desse sistema. Em caráter subliminar, despreza-se o ócio para recompensar a subordinação passiva às tarefas estipuladas. É o princípio da meritocracia, hoje, presente, até mesmo, nos espaços onde deveria ser motivo de repulsa.
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