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quinta-feira, 10 de dezembro de 2009

A chuva na cidade do charque

Numa cidade provinciana, como Pelotas, que em outras épocas foi considerada o berço da cultura européia no sul do Sul do país - com mais de dez periódicos locais circulando a pleno numa mesma década, para o deleite dos eruditos de plantão - hoje, ter apenas um jornal, o qual representa sabidamente os interesses da administração municipal, é, no mínimo, prejudicial para o entendimento dos fatos pelo conjunto da sociedade.

O que dizer de uma comunidade que, após recorrentes casos de enchente em sua região, reelege o governo de turno, o qual não fez nada para solucionar o problema durante o primeiro mandato? A Prefeitura sequer procurou saber da população pelotense onde gostariam que fossem aplicadas as verbas enviadas pelo Governo Federal para melhoria dos sistemas de cisterna e reparos dos danos da última cheia no município.

Não é de hoje que se ouve falar do aquecimento global e de uma série de mudanças climáticas. Mas isso não deve servir de justificativa para os problemas decorrentes do excesso ou da falta de chuva. A palavra-chave para resolver o impasse parece evidente: prevenção. Ao invés de se preocupar em asfaltar toda a cidade e deixá-la o mais próximo possível daquilo que as "nobres famílias" da antiga aristocracia riograndense acreditavam ser a "Atenas dos Pampas", o poder público deveria estar com os olhos voltados para as casas de bomba.

Urge reestruturar as antigas instalações para que, ao transcorrer outra "fatalidade", outro "episódio da natureza", não apareça no jornal do prefeito a velha justificativa: o meio-ambiente é o culpado. Aliás, muito fácil culpá-lo ou eximir-se de atribuições que cabem tão somente ao governo municipal. O difícil, ao que tudo indica, é trabalhar com a tal prevenção. É como a história da campanha pelo uso da camisinha apenas durante o carnaval, como se as pessoas não fizessem sexo sempre e o risco da contaminação por doenças sexualmente transmissíveis não fosse iminente. Deixar para pensar no assunto das enchentes quando outra catástrofe acontecer é mais do que irresponsabilidade, beira a má vontade política.

Hoje, quando o tempo começa a ficar feio na Princesa do Sul, o céu fecha e as primeiras gotas d'água começam a cair, todos se assustam, ou, pelo menos, deveriam. A cidade, que para alguns especialistas cresceu para o lado errado e tem uma rodoviária posicionada no pior local possível, não consegue mais mandar seus problemas estruturais para longe dos olhos dos herdeiros do charque. Afinal, o asfalto, colocado às pressas, está represando a água por todos os lados e já não se anda pelas vias centrais ou na zona nobre da cidade sem que, ao menos, se molhe os pés. Enquanto isso, haja justificativa furada e "fonte oficiosa" para dissimular sobre tamanha incompetência.

Foto retirada do blog: fatosimagens.blogspot.com

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