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sexta-feira, 14 de novembro de 2008

Diálogos

Existem coisas que falamos, outras não. É como se houvessem dois mundos habitando dentro de cada um de nós. Esses mundos às vezes se encontram, mas, na maioria dos casos, estão isolados. De cada mil coisas possíveis de se fazer no lapso de um instante podemos escolher apenas uma. Assim, deixamos para trás infinitas possibilidades. A opção escolhida é única, mas não "a única".

Quanto aos mundos, queria falar sobre cada um separadamente. Habitam, em nós, sentimentos e atmosferas de vida. Cada território explorado dedica-se a uma experiência diferente. As mais difíceis escolhas e situações passam, necessariamente, pelo "mundo de baixo", aquele que sabemos onde fica, mas preferimos não desbravá-lo por medo. Quiçá lá estejam as pessoas, as coisas, os lugares e as vidas que nos levaram a entrar em contato com o "mundo de cima".

O "mundo de cima" não é, no entanto, um mundo superior. O fato de estar em cima é só para dar a distância exata entre os dois. Sua posição não o qualifica como superior ao “mundo de baixo". Na verdade, ambos são importantes, mas as memórias, as vidas e os prazeres de cada mundo não costumam mudar definitivamente de lugar. Existem em cada mundo separadamente e parecem acomodadas lá, seja qual for a coordenada interior.

Portanto, antes de julgarmos a nós mesmos, ao mundo e a vida, é preciso saber de onde vem essa moral interior. É verdade que ela possa ter percorrido os dois mundos e, por isso, sente-se pronta para voar de dentro de nossas almas atingindo o terceiro mundo, "o mundo exterior", mas, este, não é como os outros dois. Os dois primeiros são internos e, por isso, podem constantemente mudar suas perspectivas.

O "mundo exterior” é onde moram os sentimentos, lugares, vidas e situações capazes de dialogar com outros mundos interiores de outras pessoas, outros universos e diferentes atmosferas de vida. Se levarmos em consideração que, cada um de nós, possui, ao menos, dois mundos interiores, o "mundo exterior" torna-se o campo de convergência entre as expressões pessoais de diversos mundos interiores, mas, de fato, somos todos humanos e o mundo em que vivemos é um só. O que faremos com este mundo é problema de cada um e seremos eternamente responsáveis por nossos atos ou omissões.

Nesse sentido, como dizem os poetas e filósofos, "não importa aquilo que fizeram com você, mas sim aquilo que você faz com o aquilo que fizeram com você". Se não olharmos para o mundo exterior e sintonizarmos este mundo com as nossas atmosferas pessoais estaremos sempre fadados a perder o rumo. Não perde o rumo, contudo, quem sabe que, para além das escolhas pessoais está o interesse coletivo. É aí que nos encontraremo,s marchando juntos em direção a escolha por um mundo melhor.

Um lugar onde crianças não disputam restos de comida com cachorros. Homens e mulheres não sucumbem a fadiga e a miséria pela longa e desumana jornada de trabalho. Pessoas são tratadas como tal, pelo simples fato de serem humanas e não pelas suas convicções políticas, escolhas sexuais, etnias ou poder aquisitivo. É neste "mundo convergente" que os jovens sentirão prazer em ouvir os mais velhos. E, estes últimos, também saberão da importância de ouvirem os mais novos.

Um lugar onde crianças têm o direito de brincar de mãe, antes de serem usadas para se transformarem em tais. Onde meninos não precisam mostrar para seus pais que são homens, agindo de forma machista e preconceituosa. Onde homens e mulheres têm os mesmos direitos, deveres e responsabilidades, mas respeitam as diferenças e valorizam a diversidade. Um lugar onde não haverá sentimento de posse, nem de pertença, pois saberemos respeitar o espaço dos outros. Um mundo sem escalas de valor e, muito menos, hierarquia. Neste mundo, ainda possível, a burocracia será aniquilada, os seres humanos serão capazes de viver e terão tempo de olhar para dentro de si e refletir sobre cada um dos mundos que os habitam. Não morrerão sem nunca antes terem tido a oportunidade de desbravá-los e saberão o omento certo de dizer adeus.

Um comentário:

Anônimo disse...

Eduardo!!!
Muito bom o teu texto!!!!
Acredito fielmente que para contruirmos um mundo melhor precisamos ser sensíveis aos problemas dos outros!!!!
BJS

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