Há um mês não consigo postar sequer uma linha neste espaço que chamo de exílio; local onde, não raras vezes, permito-me escapar do habitual para dedicar alguns minutos de reflexão sobre o que está me inquietando em dado momento. A nova dinâmica das mídias digitais nos permite isso. Constantemente somos incitados a exercitar a tentadora "arte da escrita", mesmo quando não se trata de uma demanda específica, ou de um texto acadêmico.
Pode ser por meio de e-mails, posts em blogs ou redes sociais, comentários em sites e, até mesmo, "tuitadas". É impossível passar um dia sem digitar nada diante de tamanha oferta e necessidade do uso de plataformas textuais. O fato é que, evidentemente, existe uma abundância de escritos na internet. Mas isso não significa que tal fenômeno esteja gerando algo positivo, ou ainda, excencialmente democratizante, como alguns costumam dizer. Na verdade, acredito que ocorre justamente o contrário. Na maioria das vezes todo material escrito e publicado na rede não passa da cópia da cópia (isso mesmo, não é um erro de digitação) da citação de alguém, que atingiu um status mais importante dentro do grupo em que o citante se julga incapaz de dizer por si próprio aquilo que está sendo dito e, por conseqüência e comodidade, prefere apenas fazer referência.
Se for considerada a dinâmica da maioria das pessoas em idade adulta, com necessidades óbvias de produção material (seja ela intelectual ou manual) para garantir a sua subsistência, o tempo parece ter sido organizado, categoricamente, em contrariedade as nossas necessidades e satisfações pessoais. Nelas pode-se incluir, sem sombra de dúvidas, a escrita, pois todos querem ser protagonistas. Haja visto o que ocorre nas redes sociais. Até aí nada de novo, afinal todos chegam ao findar do dia pensando que poderiam ter "rendido mais", ou então o contrário, "conscientes do porquê de não terem ido além do que estavam motivados a fazer".
Dito isso, o que me fez dedicar algumas linhas a esse assunto foi justamente a inversão da lógica pela qual constantemente nos deparamos quando o assunto é ler e escrever. Fundamentalmente quem trabalha com a leitura e a escrita sabe que, chega um dado momento, no qual o texto é redigido quase automaticamente. Isso é claramente evidenciado nos textos jornalísticos e na completa falta de imaginação dos impressos brasileiros. O modelo da pirâmide invertida e do lead, importado dos Estados Unidos e amplamente difundido nas escolas de comunicação brasileiras, incentiva a falta de criatividade e originalidade por parte da maioria dos jornalistas.
Apenas algumas poucas revistas ainda dão sobrevida ao jornalismo investigativo e literário, servindo de alento ao futuro da profissão, hoje claramente ofuscada pela quase total falta de argumentos em se defender o diploma, pois, na verdade, o que está em jogo não é a defesa do modelo de formação acadêmica para os profissionais da área e sim uma ruptura com a lógica do mercado, o qual vê com bons olhos a precarização desta atividade profissional e o aumento da possibilidade de empregar mão de obra "treinada" pela própria empresa e seus famigerados manuais de redação.
É preciso refletir antes, durante e depois do ato de redigir textos. Não basta reproduzir informações, sejam elas oriundas da grande mídia, ou de críticos ao atual sistema de comunicação brasileiro. Ler é indispensável, mas o clichê mais do que batido "desligue a televisão e vá ler um livro", ou o uso de seus similares, na verdade escondem a raiz do problema. O importante não é ler mais do que se vê ou escuta, não é isso que gera o conhecimento e nem é por ler mais ou menos que alguém se torna melhor seja lá no que for. Muito mais do que dedicar um dia inteiro à leitura, para depois reproduzir o que os outros pensaram e disseram, é preciso pensar e dizer por si próprio, e isso só se faz quando se proura questionar os fatos não apenas a partir de uma leitura crítica da televisão, rádio ou internet, mas sobretudo pela auto-crítica das nossas práticas cotidianas em relação à leitura e à escrita.
Pode ser por meio de e-mails, posts em blogs ou redes sociais, comentários em sites e, até mesmo, "tuitadas". É impossível passar um dia sem digitar nada diante de tamanha oferta e necessidade do uso de plataformas textuais. O fato é que, evidentemente, existe uma abundância de escritos na internet. Mas isso não significa que tal fenômeno esteja gerando algo positivo, ou ainda, excencialmente democratizante, como alguns costumam dizer. Na verdade, acredito que ocorre justamente o contrário. Na maioria das vezes todo material escrito e publicado na rede não passa da cópia da cópia (isso mesmo, não é um erro de digitação) da citação de alguém, que atingiu um status mais importante dentro do grupo em que o citante se julga incapaz de dizer por si próprio aquilo que está sendo dito e, por conseqüência e comodidade, prefere apenas fazer referência.
Se for considerada a dinâmica da maioria das pessoas em idade adulta, com necessidades óbvias de produção material (seja ela intelectual ou manual) para garantir a sua subsistência, o tempo parece ter sido organizado, categoricamente, em contrariedade as nossas necessidades e satisfações pessoais. Nelas pode-se incluir, sem sombra de dúvidas, a escrita, pois todos querem ser protagonistas. Haja visto o que ocorre nas redes sociais. Até aí nada de novo, afinal todos chegam ao findar do dia pensando que poderiam ter "rendido mais", ou então o contrário, "conscientes do porquê de não terem ido além do que estavam motivados a fazer".
Dito isso, o que me fez dedicar algumas linhas a esse assunto foi justamente a inversão da lógica pela qual constantemente nos deparamos quando o assunto é ler e escrever. Fundamentalmente quem trabalha com a leitura e a escrita sabe que, chega um dado momento, no qual o texto é redigido quase automaticamente. Isso é claramente evidenciado nos textos jornalísticos e na completa falta de imaginação dos impressos brasileiros. O modelo da pirâmide invertida e do lead, importado dos Estados Unidos e amplamente difundido nas escolas de comunicação brasileiras, incentiva a falta de criatividade e originalidade por parte da maioria dos jornalistas.
Apenas algumas poucas revistas ainda dão sobrevida ao jornalismo investigativo e literário, servindo de alento ao futuro da profissão, hoje claramente ofuscada pela quase total falta de argumentos em se defender o diploma, pois, na verdade, o que está em jogo não é a defesa do modelo de formação acadêmica para os profissionais da área e sim uma ruptura com a lógica do mercado, o qual vê com bons olhos a precarização desta atividade profissional e o aumento da possibilidade de empregar mão de obra "treinada" pela própria empresa e seus famigerados manuais de redação.
É preciso refletir antes, durante e depois do ato de redigir textos. Não basta reproduzir informações, sejam elas oriundas da grande mídia, ou de críticos ao atual sistema de comunicação brasileiro. Ler é indispensável, mas o clichê mais do que batido "desligue a televisão e vá ler um livro", ou o uso de seus similares, na verdade escondem a raiz do problema. O importante não é ler mais do que se vê ou escuta, não é isso que gera o conhecimento e nem é por ler mais ou menos que alguém se torna melhor seja lá no que for. Muito mais do que dedicar um dia inteiro à leitura, para depois reproduzir o que os outros pensaram e disseram, é preciso pensar e dizer por si próprio, e isso só se faz quando se proura questionar os fatos não apenas a partir de uma leitura crítica da televisão, rádio ou internet, mas sobretudo pela auto-crítica das nossas práticas cotidianas em relação à leitura e à escrita.
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