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sexta-feira, 22 de janeiro de 2010

Somos todos humanos e venceremos o medo

Mal começou o ano de 2010 e as atenções da mídia voltaram-se, quase que exclusivamente, para dois assuntos: o terceiro Plano Nacional de Desenvolvimento Humano (PNDH) e o terremoto no Haiti. Duas pautas que interessam, e muito, a grande mídia. A primeira, pelo "medo" que gera nos grandes grupos de comunicação, com a possibilidade de, enfim, haver uma maior fiscalização das empresas, partindo da sociedade civil organizada. Já a segunda, pelo uso do "medo" com a intenção de impactar a sociedade e render mais pontos no ibope aqueles que souberem explorar "melhor" o "show da vida e da morte".

Não conheço uma só pessoa que possa afirmar nunca ter sentido medo da morte, ou, que nunca sentirá. Sabe-se que este sentimento pode ser convertido em coragem ou torpor, mas, o "medo", que me refiro no primeiro caso, é diferente do segundo; embora ambos sejam usados para o mesmo fim e estejam movidos por uma inescrupulosa guerra de audiências. A Band, por exemplo, chegou ao cúmulo de utilizar o seu jornal para distorcer fatos e inventar o que chamou de "torturadores de esquerda", ou, coisa que o valha. Tudo para encobrir a verdade, se insurgindo contra a abertura dos arquivos da ditadura e defendendo a Lei da Anistia para os torturadores.

Essa mídia conservadora, que não se envergonha de ter apoiado a ditadura militar no Brasil - mesmo considerando a crise de consciência de algumas empresas de comunicação na época da censura e das torturas - está com medo que o Governo Federal faça o que já devia ter feito há muito tempo: cassar as concessões das emissoras de rádio e TV que não estejam cumprindo com o seu papel social, ou, pior ainda, estejam agindo de má fé, mentido descaradamente em defesa dos algozes do socialismo no país.

Os reacionários da mídia liberal, patrocinados por uma nova forma de fazer oposição, a"demotucanocracia", pretendem convencer a sociedade de que estão preocupados com a "censura" aos meios de comunicação. Falam em nome da "liberdade de expressão", mas sabe-se do trabalho árduo que tiveram para construir um verdadeiro monopólio da expressão no país. Como se auto-intitulam liberais convictos e se julgam democratas autênticos, acreditam existir, nos veículos de mídia comerciais, a diversidade de opiniões e o espaço para o contraditório.

Utilizam-se da retórica neoliberal, para defender a plutocracia, e, assim, manifestam todo o seu ódio pelas camadas sociais menos favorecidas. Os militantes de esquerda, chamados maldosamente de "terroristas", deveriam ser lembrados como exemplos do que o "medo" pode fazer para o bem da sociedade. A parte digna e humana do medo; uma coragem que enfrentou a dor em defesa de ideais e, por isso, é odiada, já que não pode ser reificada.

Exclusão, violência e pobreza não estão presentes somente no Haiti, fazem parte do cotidiano da maioria dos trabalhadores brasileiros. Estes, não costumam enfrentar abalos sísmicos, mas também sofrem cotidianamente com abalos morais, físicos, sociais e econômicos. Diante disso, a suposta preocupação das grandes redes de comunicação, com a "tragédia" no Haiti, soa oportunista. Não fosse o número de mortes, esse país certamente não seria lembrado. Ainda tentando se recuperar da crise política de 2004 e marcado eternamente pelo racismo, decorrente da exploração européia e da invasão norte-americana no início do século XX, o Haiti, como a maior parte dos países pobres, acaba servindo para que os países ricos demonstrem um certo altruísmo perante a opinião pública mundial, dignificando seus chefes de Estado.

Será que o PNDH estaria incomodando tanto a mídia fossem outros os tempos e o governo Lula, mesmo com todas as suas contradições, não representasse uma mudança no paradigma da política nacional? Quanto ao Haiti, não poderiam os países ricos envolverem-se numa campanha mundial, para erradicar a miséria e a pobreza do mundo, criando a Frente Mundial pela Solidariedade? É, isso pode parecer utópico, mas faz parte da superação do modelo de sociedade em que estamos habituados a viver.

O Fórum Social Mundial é um caminho. O neoliberalismo dá provas de que os "perdedores" estão se organizando para exigir os seus direitos. Para os "vencedores", um alerta: todas as questões que envolvem de uma forma ou de outra o medo, dizem respeito aos Direitos Humanos. Não tem mais como se esconder atrás de um discurso democrático para promover a miséria, a impunidade e tentar justificar a tortura. Muitos morreram em nome de uma sociedade mais justa e fraterna e, estes, jamais serão esquecidos. Cabe somente, a nós, que suas lutas não sejam em vão.

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