É preciso defenestrar a televisão!
(Este texto foi escrito na época do "caso Isabella", mas ainda traz uma reflexão atual)
São vários os "casos" que, ao virarem notícia, tornam-se "novelas reais" com inicio, meio e fim. São visualizados e dirigidos por uma sociedade doente, em busca de satisfazer seus próprios fantasmas psicossociais, utilizando-se, para tanto, da vida e do sofrimento de outras pessoas. O caso mais recente é o da menina Isabella.
O palco onde se desenvolveu o enredo foi a zona norte de São Paulo. Alexandre Nardoni e Anna Carolina Jatobá viraram os atores principias e, também, vilãos desta trama. A sociedade os julgou e a justiça os condenou. Um acontecimento brutal e desumano que, ao virar notícia, segue como principal manchete de todos os meios de comunicação por várias semanas. Afinal, trata-se de um acontecimento que a sociedade quer ver.
Segundo Jorge Pedro Souza, "a noticia que é fruto de seu meio é chamada de Força Social (FSO)", criada e divulgada com a intensidade e cobertura que os receptores passivos necessitam. O fato é chocante, mas, ao passar dos dias, nem tanto. Cada vez mais o público quer saber o desenrolar desta "trama" da vida real, naturalizando a violência.
O mais triste disso tudo é o fato de os espectadores alimentarem os meios de comunicação e, estes últimos, sem o mínimo de compromisso social e responsabilidade com o que publicam, retroalimentarem a sociedade, em um círculo vicioso de más intenções. Evidentemente deve-se punir os culpados por crimes ediondos como esse e divulgar o acontecimento, mas e nas periferias do Brasil? Embora não hajam prédios enormes e as moradias não estejam situadas nos grandes centros urbanos do país, será que lá, onde a miséria e a fome disputam lugar com sanidade, não existe violência? Essa mesma sociedade, que julga o pai e a madrasta por jogarem uma criança do 6° andar de um prédio, não se compadece com as milhões de crianças vítimas de atrocidades tão terríveis quanto esta ou, até mesmo, piores?
A força social pode, e deve, ser usada com a intenção de pautar os meios de comunicação. No entanto, isso deve surtir algum efeito para a construção de uma sociedade mais justa, não o contrário. Saber utilizar as forças externas e ideológicas à favor da cidadania é a única saída possível para romper com o silêncio da insanidade, amplificado pelos milhões de televisores ligados quase 24 horas por dia.
(Este texto foi escrito na época do "caso Isabella", mas ainda traz uma reflexão atual)
São vários os "casos" que, ao virarem notícia, tornam-se "novelas reais" com inicio, meio e fim. São visualizados e dirigidos por uma sociedade doente, em busca de satisfazer seus próprios fantasmas psicossociais, utilizando-se, para tanto, da vida e do sofrimento de outras pessoas. O caso mais recente é o da menina Isabella.
O palco onde se desenvolveu o enredo foi a zona norte de São Paulo. Alexandre Nardoni e Anna Carolina Jatobá viraram os atores principias e, também, vilãos desta trama. A sociedade os julgou e a justiça os condenou. Um acontecimento brutal e desumano que, ao virar notícia, segue como principal manchete de todos os meios de comunicação por várias semanas. Afinal, trata-se de um acontecimento que a sociedade quer ver.
Segundo Jorge Pedro Souza, "a noticia que é fruto de seu meio é chamada de Força Social (FSO)", criada e divulgada com a intensidade e cobertura que os receptores passivos necessitam. O fato é chocante, mas, ao passar dos dias, nem tanto. Cada vez mais o público quer saber o desenrolar desta "trama" da vida real, naturalizando a violência.
O mais triste disso tudo é o fato de os espectadores alimentarem os meios de comunicação e, estes últimos, sem o mínimo de compromisso social e responsabilidade com o que publicam, retroalimentarem a sociedade, em um círculo vicioso de más intenções. Evidentemente deve-se punir os culpados por crimes ediondos como esse e divulgar o acontecimento, mas e nas periferias do Brasil? Embora não hajam prédios enormes e as moradias não estejam situadas nos grandes centros urbanos do país, será que lá, onde a miséria e a fome disputam lugar com sanidade, não existe violência? Essa mesma sociedade, que julga o pai e a madrasta por jogarem uma criança do 6° andar de um prédio, não se compadece com as milhões de crianças vítimas de atrocidades tão terríveis quanto esta ou, até mesmo, piores?
A força social pode, e deve, ser usada com a intenção de pautar os meios de comunicação. No entanto, isso deve surtir algum efeito para a construção de uma sociedade mais justa, não o contrário. Saber utilizar as forças externas e ideológicas à favor da cidadania é a única saída possível para romper com o silêncio da insanidade, amplificado pelos milhões de televisores ligados quase 24 horas por dia.
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